Reiniciar pesquisa
O presente projeto de pesquisa objetiva investigar e analisar a valorização e reconhecimento do patrimônio urbano industrial localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo, especificamente no trecho metroviário Brás-Tatuapé, eixo urbano que tem sido visto/apreendido/vivido por milhares de pessoas cotidianamente, em grande medida, a partir da velocidade, por meio do deslocamento no transporte coletivo. Diante da velocidade dos deslocamentos e do ritmo acelerado imposto às experiências urbanas na contemporaneidade, a pesquisa propõe investigar o reconhecimento patrimonial de parcelas da cidade vistas e apreendidas por tais condições, buscando referências teóricas e metodológicas na experimentação psicogeográfica articulada aos deslocamentos motorizados e no diálogo com trabalhos artísticos que têm explorado o registro do movimento e da velocidade em suas produções. Como evento de pesquisa, selecionamos o eixo metroviário que acompanha a avenida Radial Leste, na cidade de São Paulo: a linha Leste-Oeste do Metrô, entre as estações Brás e Tatuapé, um recorte da cidade particularmente relevante para compreendermos os processos de transformação urbana e as diferentes temporalidades impressas na materialidade edificada que se apreende a partir do transporte coletivo. A partir dessa perspectiva, a investigação objetiva construir bases que potencializem o debate sobre a apropriação coletiva do patrimônio urbano ao longo desse percurso, considerando as condições de seu reconhecimento na contemporaneidade, assim como sua inserção, continuidade e descontinuidade na construção do imaginário estético e político da cidade de São Paulo.
A pesquisa insere-se no debate sobre a intervenção projetual em preexistência urbana e arquitetônica patrimonial de caráter industrial levantando e sistematizando dados textuais e iconográficos, bem como experimentando seu espaço físico e sociocultural e, relacionando-a com as indicações da teoria da restauração. Pretende, assim, identificar, reconhecer, levantar o processo histórico do projeto de intervenção e analisar o contexto atual da obra usada e apropriada da Casa das Caldeiras/IRFM - Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, São Paulo-SP, testemunho material do desenvolvimento da industrialização brasileira, implantada na década de 1920, abrigou caldeiras vindas da Europa para produzir energia para o parque industrial do Conde Francesco Matarazzo, foi tombada em 1986 pelo CONDEPHAAT- Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo e pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O conjunto arquitetônico composto pela Casa das Caldeiras, um dos únicos remanescentes do complexo fabril das IRFM foi restaurado e ressignificado em 1998-1999 como Centro Cultural e de Eventos pelos arquitetos Marcos Carrilho e Victor Hugo Mori. Desse modo, através de uma investigação crítica subsidiada pela percepção do espaço, teoria da restauração e recomendações das cartas patrimoniais internacionais, busca promover discussões e reflexões para contribuir com a pesquisa e prática profissional do arquiteto urbanista e suas possibilidades de intervenções sobre as áreas abandonadas e deterioradas com valor patrimonial restauradas e ressignificadas para a cidade contemporânea. (AU)